Vila do Touro:
Enquadramento
Cabeço situado a 831 metros de altitude, marcado por
afloramentos graníticos ciclópicos, mostrando uma vertente
escarpada, sobranceira à Ribeira do Boi. No sopé do lado N.
destaca-se a Fonte de mergulho, dita de Paio Gomes, com a
abertura em arco quebrado. No lado oposto observa-se o
cabeço da Enxércia, onde se ergueu a Capela de São Gens e o
Calvário, num vasto barrocal hoje descaracterizado por
construções recentes e pela implantação dos depósitos de
água. Na vertente S., de pendente mais suave, desenvolve-se
a antiga Vila estruturada pela R. Direita, cujo percurso é
complementado por duas vias paralelas. Junto à porta de
acesso ao castelo, e na continuidade de uma calçada,
situa-se a Capela de Nossa Senhora do Mercado, com portal em
arco quebrado antecedido por alpendre de provável fábrica
seiscentista. Ao lado regista-se uma construção
profundamente dissonante. Do castelo avista-se a cidade da
Guarda e o castro do Jarmelo, entre outros pontos de
referência na paisagem mais longínqua.
Descrição
O castelo resume-se ao perímetro da cerca muralhada,
apresentando um traçado elíptico muito irregular, porque
adaptado a uma base topográfica extremamente acidentada. Por
isso, os panos de muralha integram pontualmente os
afloramentos rochosos naturais e descrevem um desenho
ondulante. Apesar do perímetro muralhado se apresentar
completo, o adarve encontra-se já muito destruído. O
circuito é interrompido somente por uma porta aberta no lado
S., a Porta de São Gens, vão em arco quebrado com dupla
fiada de aduelas na face orientada para a Vila e com as
impostas marcadas por friso saliente. Conserva ainda os
gonzos em cantaria e a abóbada em berço quebrado com o
extradorso a descoberto. No interior do recinto regista-se
no lado N. a presença das fundações de um edifício de planta
rectangular. A par do valor plástico garantido pela presença
maciça dos rochedos, a superfície do recinto murado
encontra-se revestida por vegetação herbácea e arbustiva
espontânea, destacando-se algumas espécies arbóreas, como
azinheiras e faias.
Utilização Inicial
Castelo
Utilização Actual
Marco histórico-cultural
Propriedade
Pública: municipal
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A vetusta aldeia de Vila do touro
encontra-se a 800 m. de altitude, entre dois outeiros (O Cabeço de
S. Gens e o Alto do Castelo).
Integra-se numa região de terrenos graníticos, de relevo suave,
onde apenas os dois cabeços de Vila do Touro destacam na paisagem.
Sabemos que a região já era denominada de Tauro, na época
romana, pois aparece referida numa epígrafe encontrada próximo à
Abitureira. Este topónimo fica a dever-se exactamente pela
configuração topográfica elevada dos dois morros da Vila,
assemelhando-se às protuberâncias de um touro.
A sua posição estratégica permite um amplo campo de visão para
norte e oeste, ao longo do vale da ribeira do Boi e para leste, para
a meseta e vale do Côa.
A sua localização numa região próxima às linhas de água, da
ribeira do Boi, com diversos terrenos irrigados e férteis, ao mesmo
tempo protegida pelos relevos circundantes, permitiu que uma
diversidade de comunidades se estabelecesse na região, desde a
Pré-História até aos nossos dias.
Identificam-se diversos vestígios da presença dessas culturas e
civilizações. No local foi descoberto um machado de bronze, da Idade
do Bronze Final. É provável que o Alto do Castelo, tenha um
povoamento que recue à Idade do Bronze, com continuidade na Idade do
Ferro. Nos terrenos do morro, identificam-se algumas cerâmicas
manuais de tradição proto-histórica, outros vestígios terão sido
absorvidos pela construção do castelo.
Dois lugares são conhecidos com ocupação romana: os Vilares e a
Abitureira. No primeiro lugar são identificados abundantes materiais
romanos e diversas sepulturas escavadas na rocha. Algumas inscrições
encontradas próximas podem Ter procedido de aqui.
Na época da reconquista e do repovoamento medieval, toda esta
região passa por um processo de reordenamento do espaço e
redistribuição da população. As necessidades militares, obrigam à
reocupação do alto dos relevos.
A verdadeira ocupação do penhasco, deu-se durante o séc. XII. Por
volta desta altura, a reconquista do território estava já bastante
avançada, além-Tejo e ao mesmo tempo Castela e Leão empreendiam o
mesmo processo conquistador para sul. A nossa progressão, não
suscitou a aprovação castelhana. ficou a região de Touro novamente
na zona instável da fronteira Surgem assim as primeiras escaramuças
a leste, na definição do território português e espanhol, manifestas
pela ocupação de territórios afins e por meio de conflitos armados.
Houve necessidade de definir uma fronteira e de manter o controlo
constante dessa linha. criar uma zona-tampão frente a Leão e ela
foi-se delineando com os castelos da Guarda, (...). Os de Touro e de
Castelo Mendo surgiriam num segundo esforço alguns anos mais tarde.»
Contrapondo à política de Leão e Castela, de criar uma raia
fronteiriça, apoiada em vilas fortificadas a oeste, além do Côa,
nomeadamente com o início da construção da fortaleza de Caria Talaya
(Ruvina), do outro lado do Côa (lugar visível à distância do cimo do
cabeço de Touro), Portugal tomou o empreendimento de edificar uma
fortificação ciscodana, retirando para termo próprio parte do
território da Guarda.
Nasce assim um castelo no cabeço de Tauro, que nunca terá
sido totalmente acabado. Desta construção militar, hoje resta apenas
parte do pano de muralha, encavalitado entre as penedias, podendo no
entanto, pelos alicerces, ser identificado todo o seu traçado. Pelas
encostas norte estão ainda espalhadas os blocos que caíram ou foram
atirados desde as muralhas. Uma das portas da muralha ainda se pode
contemplar, com o seu arco em estilo gótico.
A escolha do local deveu-se sobretudo a questões militares, de
modo a garantir as condições mínimas de segurança e defesa do
território. Do cimo do morro, descortina-se um vasto horizonte,
avistando-se mesmo a cidade da Guarda.
A jurisdição desta Vila foi doada pelo Concelho da Gurda aos
Templários. D. Pedro Alvites, Mestre dos Templários reforça essa
política concedendo-lhe foral, em 1220, no tempo de D. Afonso II.
Vila do Touro torna-se então um importante centro de hierarquia
populacional, ganhando importantes funções político-militares, tendo
sido sede de importante concelho medieval que perdurou até às
reformas liberais do séc. XIX (1836).
Deste período datam as inúmeras sepulturas escavadas na rocha,
encontradas na freguesia. Havia um importante núcleo em torno do
adro da igreja Paroquial, que hoje se encontra coberto e tapado. Nos
Vilares são identificadas também algumas sepulturas escavadas na
rocha, tal como a junto à Fonte do Carvalho; a 30 metros a oeste do
lavadouro da "Fontinha", na Junta das Águas.
Algumas calçadas existentes, estão relacionadas com as ligações
entre a povoação e as praças militares de Sortelha, Sabugal,
Alfaiates e Guarda. Uma das mais importantes vias ligava com
Alfaiates e daqui seguia por Panoias até à Guarda. Dela restam
vários troços de calçada e algumas pontes sobre as ribeiras da
Lourença e de Pega.
A ponte sobre a Ribeira de Lourença, deve recuar à época de
fundação do castelo.
Com a assinatura do Tratado de Alcanizes com Castela e Leão,
(1297) por D. Dinis, Vila do touro deixa de ter um cunho fronteiriço
e perde a sua importância estratégica. Tal com ocorreu em Caria
Talaya (hoje não se observam praticamente estruturas nenhumas no
local) a construção do seu castelo, não foi concluída. D. Dinis ,
nem sequer lhe outorga a confirmação do foral. o castelo de Vila do
Touro não sofreu nenhuma reconstrução ou reparação importante a
partir desta data.»
A partir de 1319, o padroado da Igreja de Santa Maria da Feira,
pertencente à Ordem do Templo, com a extinção desta, passou para a
Ordem de Cristo, em 1319.»
D. Manuel, intenta dar um novo movimento de restauração com a
concessão de novo foral em 1510, de forma a motivar o seu
repovoamento e desenvolvimento económico.
pelourinho data desse período?????, bem como muitas das actuais
casas de pedra. São inúmeras as janelas manuelinas, com arco
conupial, que se identificam pelo casario antigo da aldeia, que
provam este dinamismo do séc. XVI. algumas janelas com ligeiras
molduras trabalhadas da pedra e de influências renascentistas. É
nesta rua que se encontra uma janela manuelina com arco polibolado e
cercadura de cordão enlaçada sobre o peitoril.
Na restauração de 1640 construíram os moradores um Reduto – um
tipo de castelo dessa época, para se defenderem das correrias dos
espanhóis.
Em Vila do Touro ainda se identificam outros testemunhos
patrimoniais de interesse: o Pelourinho medieval e a fonte gótica de
Paio Gomes, o edifício dos Paços do Concelho, a Cadeia e o antigo
edifício das Repartições. O Cabeço da Forca ("Barrocos da Forca") é
a denominação toponímia de um cabeço existente a oriente da povoação
e a escassas dezenas de metros do antigo burgo. Ali eram executados
os condenados à pena capital até meados do séc. XIX, data da
abolição da pena de morte em Portugal. A Igreja Matriz (do séc. XVI)
e a Capela-Mor da Igreja Matriz (séc. XVII);
A RAZÃO PELA QUAL DOM AFONSO HENRIQUES, COM
SEU FILHO, CHEGAM A VILA DE TOURO E A SORTELHA,
QUE AS ENTREGAM À GUARDA DOS TEMPLÁRIOS
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