Ruínas da Igreja de Nossa Senhora do Rosário |
Sob a denominação de ruínas, o que seria o templo
dedicado a devoção a Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, chama a atenção
pela sua opulência, grandiosidade e beleza, toda em pedra. A sua dimensão
pode ser observada pelo que restou das paredes laterais, do arco da entrada
feito em pedras e tijolinhos. E também pelos alicerces em pedra canga,
embora grande extensão dessas tenham sido retiradas para abertura da avenida
defronte da igreja. As ruínas da Igreja Nossa Senhora do Rosário, conservada ao longo dos séculos, sofreu um processo de intervenção em 1992 através do SPHAN/Pro-Memória, onde o arco foi restaurado evitando um possível desabamento. E, em 1996, sob a gerência do IPHAN foi realizado outro trabalho de restauração em toda a extensão da ruína e um projeto urbanístico para o seu entorno, quando recebeu uma iluminação especial. Segundo relatos de viajantes esse templo começou a ser construído pelos
escravos no século XVIII. Da obra ficou concluída a capela-mor, o arco da
entrada principal e suas laterais o que pode ser observado através do
desenho de William John Burchell que percorreu o Brasil entre 1825 a 1829. Frei Agostinho de Santa Maria acreditava que através da imagem de Nossa Senhora resgatada em Argel foi dado início ao culto, levando os negros a escolherem essa invocação. No Brasil, a celebração a Nossa Senhora do Rosário está quase que restrita às irmandades negras. Em Natividade, há relatos sobre uma irmandade do Rosário, mas não foi possível comprovar isso historicamente. Relatos coletados por Simone Camêlo Araújo afirmam que à medida que os negros iam construindo o seu templo, ofereciam presentes aos seus deuses e divindades, colocando em suas paredes ou enterrando em seu interior ouro em peça ou em pó, armazenados em garrafas ou potes de cerâmica. As conseqüências dessas informações passada de geração em geração podem ser observadas nas paredes das ruínas com vários furos resultado de ações de indivíduos, que dizendo sonhar onde estava o ouro perfuravam as ruínas. Ainda segundo Simone Camêlo, o arco cruzeiro dessa ruína serviu de
inspiração para a construção dos arcos do Palácio Araguaia, sede do governo
do estado do Tocantins, em Palmas. |