OUTRAS NAÇÕES SE LANÇAM À CONQUISTA DO MARANHÃO: OS
HOLANDESES
Solange de Sousa Araújo
Nosso interesse em abordar a ocupação holandesa no Maranhão é
tentar esclarecer a complexidade em torno das fronteiras existente entre as
páginas traçadas da história do Brasil e do Maranhão. É nossa preocupação que o
leitor perceba a utilização de uma abordagem com uma visão mais plena sobre o
contexto em que se deu a ocupação holandesa: seus interesses e suas marcas.
A política colonialista praticada pelas Nações européias era centrada
na ocupação de territórios para obtenção de mercados novos. Em função do
atendimento aos interesses mercantilista da metrópole e de sua burguesia
comercial e que, por sua vez, transformam os territórios em colônias isso mesmo,
as colônias tornando as regiões de economia periférica, cuja função era gerar
riquezas para os cofres metropolitanos. Daí a rígida opressão
políticoadministrativa e fiscal a que as colônia eram submetidas(Pacto- Colonial).
Esta política é explicada pelas grandes transformações que a Europa
estava passando na passagem de séc. XV para o séc. XVI. Era o final da Idade
Outras nações se lançam à conquista do Maranhão: os holandeses
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Moderna. Apareciam os Estados Nacionais, como poder centralizado das
monarquias absolutistas e Mercantilista, a época da renovação das idéias; o
Renascimento, o Humanismo, as Reformas Religiosas.
É o período das Grandes Navegações, que desencadeou uma acirrada
disputa, entre os principais reinos da Europa pelo controle das rotas comerciais e
ocupações das terras descobertas. Pioneiros dos empreendimentos marítimos,
Portugal e Espanha, possuíam relações políticas tensas e que durante algum
período conciliaram seus interesses coloniais com acertos diplomáticos e
dinâmicos. No entanto, não eliminavam por completo a tradicional rivalidade entre
os dois países, a qual era remota retomava desde da Idade Média.
Em vários momentos, a unificação política da Península Ibérica, a partir
da Reconquista, foi almejado por setores da nobreza lusitana, por exemplo, por
ocasião da Revolução de Avis (1383-1385), quando no auge da crise dinástica
Castela tentou incorporar o território português. Contudo a resistência dos
portugueses foi marcante, conseguindo manter sua soberania mas no final do séc.
XVI, criaram-se condições para a concretização do objetivo espanhol. A União
das coroas Ibéricas, D. Sebastião, monarca português falece durante uma viagem
e não deixou herdeiro. Cabendo então reinar o parente mais próximo. Esse
parente era o rei da Espanha Felipe II, primo do rei português. Felipe II contou
para a concretização da União Ibérica com as tropas espanhola e, com a
colaboração da nobreza e da burguesia portuguesa, que esperava maior proteção,
por parte da Espanha, nas colônias lusitanas, no Oriente, lucros com a venda
exclusiva de africanos escravos para Colônias espanholas. Além disso, havia o
mais importante: para a Espanha a União das Monarquias serviria para terminar
com a economia dos países baixos rebeldes. A partir daí estariam impedidos de
comerciar nos portos portugueses de todo mundo.
A União Ibérica de imediato, trouxe algumas modificações: a divisão
colonial em duas áreas: O Estado do Maranhão (Grão Pará, Maranhão e Ceará)
com capital em São Luís e, o Estado do Brasil, cuja capital era Salvador. Era
sabido daquela Nações que Portugal era o único país navegador do atlântico Sul,
controlava a costa brasileira e africana, evitando que navios de outros países
europeus pudessem alcançar as Índias. No entanto paralelamente, aos conflitos
de, Portugal e Espanha metrópoles européias viam essa expansão marítima e,
navios franceses, holandeses, ingleses operavam em frente do Brasil: onde
ocupariam mais tarde pedaços do Brasil para montar suas próprias colônias.
Quanto à política colonialista lusitana no Maranhão segue o modelo de
colônia praticada no Brasil que utilizando a ação militar coercitiva juntamente
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com a igreja, desenvolvendo a catequese como mecanismo de convencimento e de
cooptação das populações nativa, contribuindo para o desenvolvimento de uma
sociedade colonial que aqui se estruturou da forma política, econômica e
religiosa, quer seja nas relações de poder, quer seja na produção de riquezas ou
no desenvolvimento de valores culturais da igreja.
PANORAMA HOLANDÊS
A Holanda faz parte dos Países Baixos, região que era dominada pela
França.
Nessa região o crescimento comercial como Amsterdã, Ultrchet,
Haarlen e outras, deram origem uma florescente burguesia mercantil, que iria no
século XVII, transformar a Holanda na maior nação capitalista do mundo, e
Amsterdã, na capital financeira internacional do mundo moderno. Pertencente
aos domínio espanhóis, as províncias do norte vão iniciar em 1572 a luta pela sua
emancipação, resistindo a pressão de Felipe II e proclamam em 1581 a Republica
das Províncias Unidas.
Era a burguesia holandesa que dominava o comércio do Norte da
Europeu desde o fim da Idade Média, distribuía produtos europeus nos mercados
internacionais. Produzia diferentes bens e produtos industrializados e distribuía
produtos de vários países como por exemplo, o açúcar produzido nas ilhas
portuguesas do Atlântico.
A partir do séc. XVI a burguesia flamenga começou a investir na
produção de açúcar brasileiro e passou a usufruir de uma grande parte do lucro
gerado por esse produto. Pautado no direito exclusivo sobre sua refinação e
distribuição.
Paralelamente ao desenvolvimento dos Países Baixos, Portugal
permanecia nas novas condições geradas pela União Ibérica. Continuava a ser um
reino independente, mas governado por um soberano espanhol, (eram mantidas em
Portugal as leis, a moeda e a administração civil, militar, eclesiástica) ocorrendo o
mesmo com relações aos domínios coloniais, dessa forma nada alterava a situação
do Brasil como colônia portuguesa, já que, consagrado como soberano, Felipe II
dominava, além da Península Ibérica, os territórios de Nápoles, Milão, Sicília,
Sardenha, o Franco Condado, Países Baixos e as colônias da Ásia, África e
América, incluindo o Brasil.
Outras nações se lançam à conquista do Maranhão: os holandeses
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Esse era o quadro formado pelo jogo de disputa coloniais, onde o Brasil
tornaria um dos principais alvos dos interesses ultramarinos dos mercados
franceses, ingleses e holandeses, que se desempenhariam na desarticulação do
império espanhol acarretando sérios problemas internacional para Portugal,
aprofundando a crise econômica em que mergulhava o império, ocasionada pela
rivalidades da Coroa Espanhola que impedia dos lusitanos voltar ter parceria
comerciais tradicionais, como a Holanda e a Inglaterra, compradores de produtos
orientais, e do açúcar brasileiro.
Por outro lado, as questões religiosas que dilacerava a Europa a partir
da Reforma, deflagrada por Lutero, também contribuía para que os conflitos
espanhóis continuasse com outros reinos. A opressão econômica adotada por
Felipe II, aliada a perseguição religiosa promovida pela Inquisição, nos Países
Baixos onde havia grande adeptos do protestantismo fortaleceu o movimento
para a emancipação da região.
Para tanto, é nesse contexto de rivalidades e tensões, entre flamengos
e espanhóis que se explica a ocupação da parte do Nordeste brasileiro pelas
tropas holandesas.
A ligação dos portugueses com os holandeses era fundamentada no
comércio. Era a Holanda que vendia os produtos portugueses, vindo do Oriente e
do Brasil para a Europa. O açúcar brasileiro proporcionava grandes lucros para os
holandeses, em função dos financiamentos para instalação de vários engenhos, e
de seus navios que transportavam grande parte do açúcar, além de refinar e
revender o açúcar na Europa.
Assim, o Pacto Colonial é compreendido quando se percebe os lucros
gerados pela ligação entre Holanda e Portugal. Porém a União Ibérica passou a
controlar as colônias portuguesas que logo prejudicaria economicamente não só
Portugal mas também a Holanda. A reação dos comerciantes holandeses foi
imediata e continuada. Resolveram então buscar na origem os produtos que
estavam acostumados a negociar, ocupando as regiões onde eram produzidos.
A meta dos holandeses era a conquista das fontes de produtos
primários. Preferindo atuar de forma mais organizada, criam a Companhia das
índias Orientais (1602) e a Companhia das Índias Ocidentais (1621). Companhias
quase soberanas, privilegiadas, interessadas no comércio, fazendo com que os
grandes comerciantes holandeses agissem em todo o mundo. O cenário mudara a
Holanda firmando-se como a principal potência comercial da Europa enquanto a
Espanha entrava em decadência.
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A Companhia das Índias Ocidentais seria responsável pelas
organizações das expedições com ações mercantis no litoral Oriental da América
do Norte onde fundaram a Nova Amsterdã atual Nova Iorque) pela ocupação das
Antilhas do litoral da África e litoral nordeste do Brasil.
Na verdade ao se decidir pela ocupação do litoral no Brasil, a
Companhia das Índias Ocidentais não objetiva como se apoderar de terras e
engenhos na produção direta do açúcar, e sim continuar controlando o comércio
do produto na Europa para continuar obtendo lucros que outrora possuíam com
Portugal, além de propagar a palavra de Deus conforme a Igreja Reformada.
OS HOLANDESES NO BRASIL
O Domínio holandês no Nordeste do Brasil
"Que aquela província excedia em grandeza à Alemanha, França, Ingla
terra, Espanha, Escócia, Irlanda e as 17 pro víncias unidas [... J que por toda
havia mais que duas praças principais, que eram a Bahia de todos os santos e
Pernambuco [... J que os naturais eram os índios de quem se podia esperar por
uma resistência, e não muitos portugueses, porque vivendo ali uns como
comerciantes, outros no cultivo de suas fazendas, era crível que não tivessem
pratica nem cuidado das armas"
(COELHO, 1985: 30).Os holandeses ficaram 24 anos seguidos no Brasil e ficamos a nos
questionar o que fizeram nestes anos? Será que neste anos holandeses tomaram
propriedades portuguesa? Construíram ? Derrubaram ou saquearam?
Escrevemos anteriormente os objetivos holandeses ao ocupar as terras
da colônia portuguesa, recuperando o que tinham perdido: o direito de comerciar
o açúcar português vindo do Brasil (lucros).Assim, através dos créditos da
Companhia das índias Ocidentais, os grandes proprietários poderiam reaparelhar
seus engenhos, recuperar suas plantação e o comprar seus escravos.
Os holandeses, teriam seus lucros: de um lado pelo controle do açúcar
e do outro pela venda dos escravos para a manutenção dos engenhos.
O primeiro alvo foi a Bahia. Apoderar-se do centro administrativo da
colônia, facilitaria o domínio de todos o território. A tentativa foi fracassada
pela reação dos colonos, montada sobre a ideologia pregada, pelos Jesuítas antiholandesa
(calvinista), isto é, a religião era o "dado" que conclamaria a luta. A
ideologia Jesuítica empurrava, não só colonos, mas também os pobres para lutar
Outras nações se lançam à conquista do Maranhão: os holandeses
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ao lado dos seus senhores, além de escravos e índios ainda em processo e
aculturação. Os holandeses eram os inimigos da igreja!
Com a primeira tentativa fracassada, os flamengos empreenderam
agora com novos reforços, continuar a conquista do nordeste. Desta feita, o alvo
era Pernambuco. A conquista de Pernambuco é feito nos moldes dos objetivos da
Companhia da Índias Ocidentais como já, frisamos antes. É considerada a fase de
acomodação da administração do Conde Maurício de Nassau.
A rendição dos colonos em Pernambuco não foi rápida, mas terminou
ocorrendo. Os proprietários pouco a pouco aceitaram a presença dos holandeses.
Afinal vender, seu produto era também objetivo deste. O palco montado vai
parecer mais um acordo econômico, do que uma ocupação, visto que o "inimigo
invasor vai virar amigos de negócios."
Nassau, apoiado pelo dinheiro da Companhia das Índias do Ocidentais,
alterou toda a dinâmica social da cidade de Recife, permitindo além da
participação dos senhores de engenhos em órgão da administração holandesa, deu
o requinte do ar europeu, trazendo pintores, botânicos, zoológicos, astrônomos, e
médicos para estudar no Brasil, e fundou a escolas até para instrução de
escravos.
Contudo perceber que a ocupação holandesa manteve os mesma traços
de colonização: latifundiário monocultura, escravidão e perceber também que
estava voltada para a exploração do monopólio colonial e mais, para ter os
latifúndios de monocultura–exportadora, era necessário garantir os
fornecimentos da escravos.
O cenário da Holanda estava montado. Plantada no Brasil, estenderiam
seus domínios por uma boa parte do litoral nordestino. De Pernambuco até o Rio
grande do Norte e logo depois o Maranhão e mais tarde, teria pelo Tratado de
Vestfália, o reconhecimento de sua emancipação em 1648 para voltar comerciar
nos portos espanhóis.
A nova política adotada no nordeste brasileiro ( 1637) era marcada
pelo controle, refino e a distribuição, bem como a reposição da mão - de- obra
envolvida, tornando cada vez mais lucrativo o negócio do açúcar" exclusivamente
holandês. E consolidação da presença e do controle de áreas produtivas.
Mas enquanto a Holanda consolidava seu controle econômico numa
parte do nordeste brasileiro. Em Portugal (1640) foi coroado um novo rei, D João
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IV, da casa de Bragança pondo um fim na União Ibérica e conseqüentemente, no
domínio espanhol.
Esta mudança nos permite visualizar uma nova situação de Restauração
em Portugal. A política portuguesa visava não só a organização de um novo
governo nacional, como também o restabelecimento do comércio, como a
devolução das colônias lusitana a Holanda ocupara durante a dominação espanhola.
Enquanto isso, Nassau continuava fazer ataques: ocupou o Maranhão e,
na África, invadiu Angola (região que garantiria o fornecimento de mão de obra).
Conforme a política da Companhia das Índias Ocidentais.
As pretensões portuguesas, colocadas durante o período da
Restauração, não vão ser aceitas. Os holandeses não acreditavam que o processo
de reconhecimento da independência de Portugal poderia ser efetivado, portanto
não foi tomado qualquer decisão, por parte dos flamengos, quer no
restabelecimento do comércio, quer na ajuda naval para a defesa dos postos
portugueses, quer na devolução das colônias lusitanas, mesmo que fossem
indenizados.
Assim a tentativa de afirmar acordos entre os portugueses e
holandeses só foi feito em 12/06/1941 que valeria por dez anos permitido em
tratado de paz definitivo chamado: Tratado de Trégua. Porém naquela acordo a
Cláusula Oitava determinava que em relação a devolução das colônias só
prevaleceria a partir da data em que a trégua fosse ratificada pelas altas partes
contratantes. Entretanto, Portugal só ratificou a trégua cinco meses depois, a 18
de novembro.
O que temos então? A Holanda já estava estabelecida no Brasil com
grande aceitação e para Nassau não foi difícil obter informações da Companhia
sobre o Tratado de Trégua e sobretudo a Clausula Oitava em questão,
recomendando para mais uma ocupação - o Maranhão.
Esta informação dada pelo historiador holandês NESTSCHER
"nãoautorizar o conde Maurício de Nassau a suspender ou cessar as hostilidades
contra os portugueses, senão o Tratado de Trégua fosse retificado" ou ainda
pelo historiador inglês SOUTHEY 'mandou a Companhia Nassau a instruções
especiais para apoderasse da ilha e província do Maranhão, pois assim faria seus
limites setentrionais do América portuguesas e dali poderia ele
convenientemente assediar o continente e ilhas espanhola"
(MEIRELES, 1991: 73)Outras nações se lançam à conquista do Maranhão: os holandeses
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Entretanto, a justificativa da inserção do Maranhão na política de
ocupação do nordeste brasileiro pela Holanda vai ser dada pelo não conhecimento
da ratificação de Portugal no Tratado de Trégua, haja vista que, os holandeses
chegaram aqui uma semana antes do dia 18 de novembro.
Assim temos, além das informações dadas pelos os historiadores
acima, temos ainda o aviso dado pelo Marquez de Montalvão então, Governador
Geral do Brasil em 15/02/1641 a Maurício de Nassau, sobre Cláusula Oitava
respondeu em 12/03/1641 sabendo sobre a ratificação e de se considerarem
amigos (Portugueses e Holandeses) provando através da devolução de onze
prisioneiros de guerras.
Portanto, o desencontro das informações sobre o acordo das duas
nações não é justificado quando o Maranhão era interessante tanto do ponto de
vista de aumento territorial, quanto do ponto de vista econômico.
MEIRELES (1980: 71)
coloca que, segundo VERNHAGEM em 1620 parauma
"arrecadação total de Rs 59.-310$ 089, havida pelo Erário Real no Brasil, oMaranhão surpreendia na sua economia, haja vista, os poucos engenhos que
possui, era superado só pela Bahia (Rs 18:541$ 840 = 31,26), concorrera com 16,
26 % (Rs 9: 706 $ 720) pouco mais do que Pernambuco com seus muitos engenhos
de açúcar (Qs 8:956$ 400)".
Com esta informação, obtemos parte da respostados interesse da coroa holandesa para o ocupar o Maranhão.
OS HOLANDESES NO MARANHÃO
O texto a seguir foi escrito baseado nas informações contidas no livro
de Mário Meireles - HOLANDESES NO MARANHÃO. Segundo o autor o
Maranhão era o segundo Estado Português no América recentemente separado
do estado do Brasil pela Carta Régia de 13/06/1621.
Integravam-se em duas Capitanias gerais: do Maranhão e do Grão-Pará,
onde dentro dos nomes estabelecidos pela Carta Régia de 13/04/1633 algumas
capitanias ficariam subalternas, a metrópole, que atenderia as convivências da
Administração, e outras de donativos em reconhecimento e pagamentos por
serviços prestado conforme dada por Bento Maciel Parente em 1636.
Assim no Estado Colonial do Maranhão haviam treze capitanias, sendo
duas principais e onze secundárias conforme Beterdorf, que aqui viveu de 1661
até 1724.
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Ainda sob informação de Beterdorf a Capitania geral do Maranhão,
com sede em são Luís, possui subordinada as capitanias do Ceará, Icatu, Mearim,
Tapuitapera, Caete, Gurupiu e, a de Nigia e as que eram subordinadas a outra
capitania geral, a do Grão Para, com sede na cidade de Nossa Senhora de Belém:
Gurupã, Joanes, cametá, cabo do norte e a do Xingu.
Mas vale ressaltar aqui que, a ocupação do Maranhão pelos holandeses
começou pelo Ceara em 1631, foi feito um levantamento cartográfico pelo
engenheiro Peat Van Bueren. Confirmado mais uma vez dos objetivos holandeses
para esta ponta do nordeste brasileiro cujos limites (imprecisos) compreendia
pelo litoral do Oiapoque até o Ceará que pertenceria mais tarde a jurisdição do
Brasil pela Carta Régia de 13/07/1656.
A ocupação do Ceará naquele ano foi ocasionada pelas informações do
Capitão Gedeon Morris Van Jonge que esteve preso no Grão-Pará. Este relatou a
extensão das terras, as riquezas em especiarias, além dos seus habitantes que
ocupavam dispersos pelos lugares chamado de Maranhão além de descrever o
cotidiano dos mesmo. Esse relatório vai permitir que Maurício de Nassau peça a
presença de nativos para saber mais dos portugueses.
Noticiada no Maranhão a ocupação do Ceará em janeiro de 1638, o
Governador Bento Maciel Parente tratou logo de guardar a sua donatária do cabo
norte (hoje Amapá) levando de São Luis e de Belém soldados para guardá-la, pois
entendiam que, por se localizar no extremo do Amazonas, estaria vulnerável
tanto a ataques ingleses, franceses e mesmo holandeses quanto a ataque
espanhóis que poderia vir do Peru ou Equador pelo rio ou pelo mar, desde da
Capitania da Venezuela ou de San Domingos, nas Antilhas. Sua preocupação era
justificada pela ocupação dos holandeses em 1621- 1622 quando erigiram um
forte no Gurupã, no Tucurui e no próprio Cumaú (Amapá).
Essa atitude do Governador de guardar sua donatória vai contribuir
para que pese sobre ele a culpa da ocupação dos holandeses em São Luís.
Enquanto Bento Maciel Parente guardava sua donatória, chegava em
São Luís a noticia definitiva da restauração Lusitana e a confirmação do Governo
de Dom João IV que adotaria a mesma política amigável com os holandeses, sendo
inimigos a partir daquela data os mouros e os espanhóis.
Em contrapartida chegou também a noticia dada pelo Capitão Inglês
Thomas Willian que o Governo holandês se preparava para "invadir" o Maranhão,
além dos boatos que se faziam pela Cidade de São Luís pelos indígenas que
Outras nações se lançam à conquista do Maranhão: os holandeses
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haviam visto no litoral do continente uma pequena esquadra ancorada no Araçagi
distante da própria ilha somente quatro léguas.
Obtendo a ciência e a evidencia da ameaça holandesa o Governador
criou uma estratégia para enfrentar os invasores com os recursos que possuía, já
que ele tinha transferidos os soldados para sua donatária como já dissemos
antes.
Distribuiu três frente de ataques: uma ficaria no forte de São Felipe
nome dado ao forte de Saint-Louis, dos franceses após a reconquista do
Maranhão pelos portugueses; outra estaria de prontidão na Praia Grande e o
última foi mandada para confirmar no Araçagi os boatos dos nativos, que logo
retornou com a noticia que se tratava de navios holandeses, de gente amiga e
sabedor do Tratado de Trégua. Portanto o governo do Maranhão não se
preocupou com as naus, homens e armas holandesas.
Não temos a informação exata da quantidade de naus, de homens e de
armas, que aportaram em São Luís. O registro que temos é que veio um
Conselheiro Político que deveria assumir o cargo de Governador logo após a
conquista da terra, um pastor Calvinista e a presença três dias depois, das
esquadras a 25 de novembro de 1640 de frente a São Luis.
Como era do cotidiano de nações amigas as esquadras holandesas fora
acolhida com uma salva de canhões do forte São Felipe pelo portugueses. Os
holandeses não corresponderam as boas vindas o que ocasionou a advertência,
dessa vez, com disparos reais contra os holandeses.
Os holandeses voltaram prosseguindo para o sul da cidade, onde hoje é
conhecido como portinho. Ancorados estabeleceram ao pé de uma pequena
ermida.
Os holandeses e os portugueses se encontraram. Esse encontro obteve
com certa indagações a respeito da sua chegada não saudando o representante
da monarquia portuguesa em São Luís, haja vista que a Portugal, neste momento
tentava restabelecer relações com a Holanda. Como resposta os holandeses
adiantaram que só não aportaram em frente ao forte de São Felipe, por ter sido
desviado por uma forte tempestade, mas que estava ao inteiro dispor do
Governador de São Luís.
Esclareceram que estavam sob ordem de Maurício de Nassau
Governador da Nova Holanda - sabendo sobretudo do conteúdo da Clausula
Oitava, isto é, só estavam aqui porque não tomara conhecimento da ratificação de
Solange de Sousa Araújo
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Portugal, mas propunha, que o governador poderia continuar no seu cargo, e ainda,
pediram um local da ilha para que sua tropa pudesse acampar, até vir de Portugal
a decisão definitiva do Tratado de Trégua.
Ora, tanto os portugueses, quantos os holandeses já sabiam da real
situação, contudo lavraram o entendimento em "Termo". Enquanto isto a primeira
estratégia de guarnição de Bento Maciel Parente desertaram da Praia Grande
provocando pânico à população abrigando-se nos matos ou no colégio Jesuítas.
A tentativa de ocupação estava sendo efetuada desde do extremo sul
da cidade até o extremo oposto - rio Anil - onde se erguia o convento de Santo
Antônio, considerado este local como subúrbio da cidade de São Luis.
Diante de sua inferioridade Bento Maciel determinou a rendição
incondicional de suas tropas, estava consolidada, a ocupação holandesa no
Maranhão. Espalharam-se por todos os caminhos, saqueando casas e templos
católicos portugueses. Substituíram o Termo de entendimento antes assinados
pelos respectivos represente das nações por um novo denominado Capitulação,
além da substituição das bandeiras.
Agora era posto no mastro a bandeira da Companhia das índias
Ocidentais, e ainda, intimidaram os poucos habitantes que não fugiram a prestar
juramento de fidelidade aos Estados Gerais das Províncias Unidas ao mesmo
tempo que embarcavam todas as tropas portuguesas para serem repatriadas para
Portugal.
Mas, enquanto a ocupação feita por Maurício de Nassau, em
Pernambuco se caracterizou pela conciliação de interesse dos senhores de
engenhos e da Companhia das Índias Ocidentais, no Maranhão suas ordens aos
Senhores de engenhos era a entrega de 5000 arrobas de açúcar. Ernani Silva
Bruno.
".. havia seis engenhos na ilha e cinco nas margens do Itapecuru,
quando os holandeses se apoderaram do Maranhão em 1641."
(SILVA BRUNO, 1967:64)
Logo, além do interesse de expandir seu território no nordeste
brasileiro, foi despertado também o interesse maior dos holandeses: a obtenção
dos lucros oriundos do açúcar, assim ocupação da ilha e também do continente,
estava incluído nos objetivos da Holanda.
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Consumada a ocupação e dos seus objetivos o Almirante Lichtardt,
voltou a Pernambuco deixando como Governador do Maranhão o conselheiro Piet
Jansz Bas. Ao mesmo tempo que chegavam na Holanda a noticia da conquista do
Maranhão e a pressa dos Estados Gerais e Portugal em recomendar a Maurício de
Nassau o cumprimento da trégua.
A EFETIVAÇÃO DA OCUPAÇÃO HOLANDESA NO MARANHÃO
Firmado em São Luís, temos registros de que os holandeses ocuparam
mais três povoações a foz do Itapecuru-Mirim, forte de Nossa Senhora da
Conceição e os cinco engenhos de cana-de-açúcar existentes nos arredores do
forte. Além desses registros, há discussão entre os pesquisadores se Alcântara
(Tapuitapera), sede da donatária de Cumã, que ficava defronte a São Luís, em
terra firme, do outro lado da baía de São Marcos teria sido também ocupada.
Tema que abordaremos mais tarde.
"A verdade é que, de fato, os holandeses cingiram a ocupação da
grande ilha e do forte da foz Itapecuru- Mirim juntamente com os engenhos por
estes defendidos."
(MEIRELES, 1980: 104)Quanto às atividades desenvolvidas pelos holandeses no Maranhão é
afirmada por João Lisboa que...
"Não deixaram entre nós rastro ou memóriaalguma de denunciasse intenções benéficos"
. (MEIRELES, Op. cit.)Ao mesmo tempo ficamos a nos perguntar por quê não constituíram um
conselho de escabinos, não deram ao Maranhão um brasão d'armas como fizeram
em todas capitanias que ocuparam no Brasil, e nem fizeram uma conciliação com
os donos de engenhos já que sabiam a importância econômica que o Maranhão
possuía.
Ainda sobre seu feitos no Maranhão temos a controvérsia sobre a
construção de uma fonte e de um pequeno sobrado. "Construíram uma fonte
situado á beira do Apicum que se alojava a margem do Bacanga, ou seja no mesmo
local, em que 1615, Jerônimo de Albuquerque acampara com seus homens":
"... Teriam construído um pequeno sobrado situado no término da Rua
do Giz e com frente para o que a Praça Joio Lisboa até a sua demolição era
conhecido como Palácio dos Holandeses. Este pequeno sobrado veio desaparecer
com o prolongamento do Palácio do Comércio, atestado por Barbosa de Godois de
que... (Era o seu quartel general de residência do respectivo Governador)."
(MEIRELES: 1980: 109)
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Quanto ao continente, os holandeses, restauraram o forte de nossa
Senhora da Conceição que passaria a ser chamadas de Monte Calvário. Enquanto
isso os moradores de S. Luís retornava aos poucos as suas casas procurando
conviver com os invasores, depois do impacto produzido pelos saques holandês.
No tocante econômico a administração holandesa obteve caráter de
hostilidade observado pelo relato.
"Reconstruído o forte de Nossa Senhora daConceição, ou do Calvário, pente do guarnição de 300 homens para ele foro
despachada, distribuída em pelotões pelos cinco engenhos, como fito de
assegurar o pleno funcionamento deles que, no entanto, continuaria dirigidos por
seus proprietário".
(Mário Meireles)Porém essa "direção" era humilhante para os colonos. Os proprietário
passaram de donos a simples feitores ou capatazes, tornando- se escravos, sobre
a mira permante da guarda holandesa.
COLONOS E JESUÍTAS X HOLANDESES OU JESUÍTAS, SENHORES DE
ENGENHO X HOLANDESES
A ocupação holandesa nos proporciona uma análise mais complexa do
que uma simples ocupação resultante da política colonialista européia. A expulsão
dos inimigos se daria pela união de colonos e jesuítas ou se a coroa portuguesa já
organizava contra o invasor. Haja vista que os holandeses já se apossavam de
mais um território lusitano e pela Carta Régia de 22/05/1642 que daria a André
Vidal de Negreiros o cargo de governador do Maranhão, tão logo restaurasse o
domínio lusitano que
VARNHAGEM (1955: 272) afirma "a expulsão dos holandeses erado conhecimento prévio da Corte."
Assim temos, o mérito que a Companhia alcançaria, ao chefiar o levante
confirmaria a ideologia religiosa da política colonialista da Igreja Católica.
Quanto aos colonos portugueses, não é difícil compreender o porquê de
pegarem em armas mais uma vez - antes com franceses - para lutarem
bravamente contra os flamengos. A trama possuía no seu cenário os interesse de
duas classes sociais - a Igreja(os Jesuítas) e os Senhores de Engenho.
Dos cinco engenhos do Itapecuru: dois pertenciam a Antônio Muniz
Barreto, dois a Bento Maciel Parente e um a Teixeira de Mello e os jesuítas que
na figura do padre Lopo de Couto ( homem com prestígio na comunidade), levaria
mérito a sua companhia, caso fizesse parte da organização contra o inimigo da fé.
Outras nações se lançam à conquista do Maranhão: os holandeses
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O processo de expulsão dos holandeses deu-se em duas fases: A
primeira sob a liderança e do Padre Lopo de Couto e do Capitão-mor Antônio
Muniz Berreiro Filho, acontece dentro dos limites do forte do Calvário na foz do
Itapecuru- Mirim e seus engenhos.
Elaboraram um plano para atacarem engenho por engenho, libertando
tantos os colonos, quanto escravos para formarem logo um grande corpo de
insurretos que depois partiram para a forte do Calvário onde era mais bem
guardado. Desprevenidos os holandeses não puderam evitar a derrota.
Terminado este combate rumaram confiantes em direção a Ilha Grande
contando com mais adesões inclusive de índios do Cacique Joacaba Mitagai onde
tiveram mais dois combates: ao pé de um outeiro, a margem do CutimMirim( hoje
esta local possui uma cruz erguida sobre uma pirâmide e passou a ser chamado de
Outeiro do Cruz ) e o combate do Carmo onde foram vitoriosos.
Mesmo vitoriosos a expulsão dos inimigos de São Luís não foi
concretizada visto que os holandeses organizaram-se novamente nas muro da
cidadela os recursos vindos de Pernambuco.
A segunda fase de confrontos deu-se em seguida no continente,
caracterizados por uma série de fatos como:
• falecimento do Padre Couto e Antônio Muniz Barreiro após o
Combate do Carmo;
• o comando dos insurreitos na mãos do Capitão - Mor Antônio
Teixeira de Mello que depois do combate do Carmo ocupa o forte de
Calvário que, carente de munição e de reforços, decide transferirse
para Tapuitapera o que permitiria aguardar ajuda da Capitania do
Grão-Pará e ou mesmo tempo vigiar os adversário já que a Capitania
de Cumã localizava-se na outra margem da Baia de São Marcos;
• deserção dos Capitães Pedro Maciel e João Velho de Vale, que vendo
sua inferioridade diante dos inimigos rumaram para a Capitania
Grão-Pará;
• capitão Paulo Soares de Avelar vai a Europa com missão de relatar a
resistência dos holandeses e obter reforços;
• chegada de naus holandeses de Pernambuco com uma proposta de
Nassau a Teixeira de Mello do governo do Maranhão, caso
Solange de Sousa Araújo
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suspendesse a luta contra os holandeses e aderisse aos interesses
da Companhia das índias Ocidentais. A proposta foi negada pelo
então Capitão-Mor;
• chegada de Lisboa uma nau parecendo o novo governador e Capitão -
Geral para o Estado D. Pedro de Albuquerque nomeado em
04/09/1642 que logo rumou para a Capitania do Grão-Pará devido
não obter informações se a Vila de Cumã ainda continuava em poder
dos invasores ou se já teria sido resgatada;
• notificação da demissão de Maurício de Nassau e seu retorno para a
Europa. Esta informação obteve valiosa importância, visto que,
Teixeira de Mello vai usá-la para encorajar sua guarda para o último
confronto que aconteceu em 10 de agosto de 1643 dentro da Ilha
Grande expulsando os holandeses definitivamente de São Luís;
• derrotado, os holandeses vão ocupar o foz do Amazonas e depois o
Ceará onde foram e permaneceram por oito anos, deixando esta
região em 1654 quando definitivamente expulsos de Pernambuco
assinando a Rendição da Capina da Taborda;
• informação da restauração de São Luís chega a Metrópole;
• após a ocupação dos colonos em São Luís foi mantido no cargo de
governador Pedro de Albuquerque mantendo-se nele até 17/06/1646
quando tomou posse o novo governador e Capitão-Geral nomeado pela
coroa Francisco de Coelho de Carvalho o Sardo governado de
1646/1648.
OBS: Francisco Coelho de Carvalho, chamado de o Sardo para se distinguir do
primeiro governador de igual nome e do qual era sobrinho, filho bastardo do
desembarcado Antônio d'Albuquerque que Coelho Carvalho, donatário de
Capitania de Cumã.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A ocupação e a expulsão holandesa no Maranhão nos proporcionam
indagações que algumas tentaremos explicar, outras ainda precisarão de
pesquisas.
Uma delas é colocada por Mário Meireles em seu livro Os Holandeses
Outras nações se lançam à conquista do Maranhão: os holandeses
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no Maranhão.
"Quem teria guiado tão acertadamente os dezenove navios holandeses
em um porto de difícil acesso e com uma das maiores oscilações de maré do
Mundo, levando-os com segurança em uma posição estratégica, fora do alcance
dos canhões dos fortes, e sem que nenhum encalhar nas muitas areias que só
concedem um estreito canal de estrada?"
(MEIRELES, 1980: 79).O próprio Mário responde nos dando duas possibilidades de
compreensão.
Primeiro:
talvez a resposta procurada possa ser encontrada emFrançais et Rochellais ou Maragnom, de R. COMTE.
Informa-nos ele que com a queda da fortaleza de La Rochelle, em
1628, os huguenotas, que dela haviam feito o bastião maior de causa protestante
em França, correram a se refugiar na Holanda calvinista e que ai, dentre eles
alguns remanescentes da França Equinocial no Maranhão, se engajaram na
Companhia Privilegiada das Índias Ocidentais e, depois de terem tomado parte no
ataque a Olinda, vieram na expedição que invadiu São Luís; e o número deles,
aliás, aquele pastor Pasquier. Então, não será absurdo concluir que um antigo
expedicionário de Lá Ravardiére tenha prevenido o Almirante Lichtardt das
dificuldades que encontraria para entrar no porto, se não o ajudado mesmo nesse
empreendimento.
Segundo:
a resposta estaria na identificação de algum judeu ou cristãonovo que, d semelhança dos de Salvador e Olinda, vivesse em São Luís, mas com
alguma ligação com que
"... desde as primeiras levas de colonos, o Maranhãoabrigou no seu seio não poucos judeus..."
, o que se nos confirma com acircunstância de Frei Cristóvão de Lisboa, chegado 1624 como Superior dos
Franciscanos, vir de Lisboa também na função de Comissário do Santo ofício; e
mais, com estas palavras, frutos das pesquisas de MARIA LIBERMANN, para a
feitura de sua tese de mestrado,
"... alguns documentos já foram encontradosnos arquivos da Inquisição, que revelam a existência, na região, desde os
primeiros tempos, de heresias diversa."
(O levante do Maranhão, 1983: 76).A outra indagação diz respeito a ocupação de Tapuitapera hoje
Alcântara. Esta se põe como ponto de controvérsia entre historiadores e
pesquisadores que propuseram a procurar registro desta hipótese. O dicionarista
das nossa História e Geografia - César Marques -informa que em suas diversas
pesquisas não encontrou qualquer vestígio de holandeses nessa área. Ficamos
Solange de Sousa Araújo
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assim a questionar.
Alcântara era uma das zonas propensas ao cultivo da cana-de-açúcar
produto desejado pelos holandeses. Então por que não foi ocupada conforme a
política adotada sobre o sistema de pilhagem? César Marques explicar com a
possibilidade de
"uma ligação entre Francisco e Antônio Coelho deCarvalho,[aquele o primeiro fora o governador e Capitão-General do Estado e
este, seu irmão, o primeiro donatário de Cumã] com os Nassau e patente esta
vulgarmente conhecida como Tapuítapera".
(Dicionário histórico e geográfico daProvíncia do maranhão, 1970: 408), isto é, nosso historiador explica que havia
laços de parentesco, entre Maurício de Nassau e a segunda esposa de Francisco
Coelho de Carvalho, D. Brites de Cois de Vasconcelos de Holanda Cavalcanti de
Albuquerque. Dai a hipótese da mesma ter sido ocupada e logo evacuada por
ordem do próprio Nassau.
EXPULSOS OS HOLANDESES? E AGORA MARANHÃO ?
Dez meses do domínio holandês e o cenário de São Luís era montado
ainda na maioria com casas de palhas. Os sucessivos Governadores nomeados para
o Maranhão, mostram bem a política mercantilista que a Coroa Portuguesa
possuía as suas colônias.
Portugal limitou-se a extinguir o Estado do Maranhão pela Carta Régia
de 25/02/1652 voltando as capitanias a desfrutar de sua antiga autonomia.
Governando a Capitania de São Luís, o Capitão-Mor Baltazar de Sousa Pereira.
Quanto o seu legado, as narrativas expressadas pelos autores sobre os
holandeses no Maranhão não vivem na memória do povo. A causa primeira está no
tipo de ocupação feita pelas nações européias no séc. XV, XVI e XVII, onde o
modo agressivo é caracterizado nas violências, nos saques e na ideologia imposta
a um país ocupado, ferindo os idéias e os costumes de um povo que aqui já viviam.
Todavia no transcorrer da ocupação holandesa no Maranhão, é o
inegável as más conseqüências deixadas em função da política colonialista da
época. Contudo em São Luís houve uma expansão territorial da cidade, devido à
necessidade de acomodação dos holandeses.
Desta forma o Maranhão entraria para a História quando este foi
cobiçado por Lá Ravardiere e Pazilly e fundaram a França Equinocial e logo depois
pela ocupação holandesa que sem qualquer ajudo de Portugal expulsaram os
flamengos.
Outras nações se lançam à conquista do Maranhão: os holandeses
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A união de Colonos e Jesuítas, foi um fato histórico seja pelo maltrato
dado pelos invasores, seja pelos interesses em defender seus engenhos ou para
obter sucessos da Companhia de Jesus dentro da comunidade de São Luis.
A verdade é que a expulsão dos holandeses no Maranhão, vai contribuir
para que a sociedade pernambucana, agora descontente com a política das
Capitanias das Índias Ocidentais, organize a sua insurreição.
O Maranhão é o alvo de estudos e de admiração pela garra, pela
decisão e amor à Pátria dos lavradores que se levantaram quanto a ao domínio do
inimigo invasor nas reuniões pernambucanas como afirma CUNHA (1970: 198)
"oMaranhão foi a ultimo conquisto dos holandeses no Brasil e a primeira que
perderão. [..J devido exclusivamente ó bravura e pertinacia dos colonos
maranhenses''.
Outra contribuição seria de modo ocasional, isto é, apesar de caráter
militar de sua ocupação, os holandeses contribuíram para construção de outros
engenhos fazendo com que a produção de açúcar no Maranhão crescesse mais
ainda gerando interesse dos portugueses mas talvez para que o nosso Estado
alcançasse o apogeu nesta produção no sec. XVIII.
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
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História da Sociedade brasileira. Atual: Rio deJaneiro
AVANCINE, Elsa Gonçalves.
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História do Maranhão. Brasília, Senado Federal, 1981LISBOA, João Francisco.
Jornal de Timom. Vol. I. Brasília: Altanbra Ltda. DF.MARQUES, César Augusto.
Dicionário Histórico e geográfico da Província doMaranhão
. 3 ed. Rio de Janeiro: Fon-Fon e Seleta, 1970.MEIRELES, Mário Martins.
História do Maranhão. São Luís, SIOGE, Secretariada Cultural, 1980.
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História das lutas com os holandeses noBrasil desde 1624- 1654
. Salvador: Liv. Progresso 1955. 424 p.Solange de Sousa Araújo
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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ENCICLOPÉDIA ILUSTRADA DO BRASIL.
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A época colonial. Vol.l. São Paulo: DIFEL - 1976MONTELLO, Josué.
Os holandeses no Maranhão. Rio de Janeiro: Serviço dedocumentação do MEC, 1946.
MORAES, Jomar.
Guia de São Luís do Maranhão. 2 ed. São Luís: Legenda, 1995306 p. li.
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O trabalho nos engenhos. São Paulo: Atual, 1996.Outras nações se lançam à conquista do Maranhão: os holandeses
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