Forte do Calvário
Antônio Moniz Barreto foi nomeado Capitão-Mor da Conquista do Maranhão em 20 de abril de 1622, a partir daí realizou vários progressos na capitania como: a melhoria da gestão dos negócios públicos; o aumento e fortalecimento da defesa da cidade de São Luís; o incentivo a lavoura, com a construção de vários engenhos de açúcar às margens do rio Itapecuru; e a introdução da criação de gado vacum na província.
O açúcar, principal produto do Brasil-Colônia no Século XVII, era muito valorizado e cobiçado no mercado europeu. Essa mercadoria era produzida, principalmente, no Nordeste brasileiro e distribuída na Europa pelos holandeses que com isso auferiam grandes lucros. No entanto, com a União das Coroas Ibéricas, a Holanda, inimiga tradicional da Espanha, foi proibida de comercializar o açúcar aqui produzido. Em represália, os batavos resolveram invadir a região produtora de açúcar no Brasil, com o objetivo de dominar todo o ciclo, desde a produção até a distribuição.
A primeira invasão se deu na Bahia em 1624 e durou apenas um ano. Posteriormente, em 1630, invadiram Pernambuco, onde obtiveram êxito e expandiram-se pelo Nordeste. No Maranhão, chegaram em 24 de novembro de 1641, com uma expressiva esquadra de guerra para a época, composta por 13 navios, três bergantins e três barcos pequenos.
Uma tropa de desembarque de 1000 homens bem armados, sob o comando de Pieter Bass, atacou a localidade de Desterro, rendeu o governador e tomou os Fortes de São Luís e Itapecuru, apossando-se dos engenhos ali existentes e assumindo o governo da capitania.
Após terem se refugiado nas matas por quase um ano, os maranhenses resolveram libertar-se do jugo holandês – iniciava-se, em 30 de setembro de 1642, a liderança de Moniz Barreto à frente dos luso-brasileiros.
Com a eclosão da revolta, foram retomados de assalto os engenhos da localidade de Itapecuru. Vencedores dessa primeira empreitada, o Capitão-Mor Moniz Barreto, o Sargento-Mor Antônio Teixeira de Melo e suas tropas atacaram de surpresa o Forte do Calvário, conquistando-o e deixando um saldo de cerca de 300 baixas fatais para os holandeses. Começou assim a campanha de expulsão do inimigo.
Continuaram o avanço, marchando sobre as resistências apresentadas por um inimigo surpreso. Atingiram rapidamente as margens do rio Cutim, onde ocuparam posições no consagrado Outeiro da Cruz. Nesse local, em 21 de novembro 1642, o Capitão Pieter Bass, à frente de suas tropas, ofereceu-lhes combate.
A batalha que aí se travou foi renhida. Como se não bastasse deparar-se com uma tropa melhor armada, instruída e equipada, os nativistas enfrentaram dificuldades de toda ordem para alcançar a vitória, entre elas a falta de pólvora para suas armas. Quanto a esse episódio, dizem as lendas locais que as tropas de Moniz Barreto, por uma intervenção divina, no momento decisivo do combate, carregaram os arcabuzes de areia, como se pólvora fosse, e arremeteram violentamente contra o inimigo, causando-lhe muitas baixas, obrigando-os a recuar em desordem.
Após terem sido derrotados no combate do Outeiro da Cruz, os holandeses receberam reforços de Pernambuco, constituídos por sete navios e uma tropa terrestre de 500 homens.
Por sua vez, as forças da insurreição foram reforçadas por um contingente de voluntários vindo do Pará, com 53 canoas, 113 soldados e 700 índios. Com a chegada dos reforços, Moniz Barreto reorganizou suas forças e retomou a ofensiva, avançando até os muros do Convento do Carmo, vizinho à grande fortaleza da cidade, onde cercaram o Quartel-General de Pieter Bass, comprimindo os flamengos face da baía de São Marcos.
Reunindo parte de suas tropas, cerca de 420 europeus e 160 índios, o Comandante batavo lançou um ataque concentrado, em janeiro de 1643, sobre um posto defendido por reforços paraenses. A tentativa holandesa foi frustrada pela pronta reação dos maranhenses liderados por Moniz Barreto, que os fez recuar com pesadas baixas após duas horas de combate.
A situação dos holandeses era crítica. Estavam cercados e sem espaço para manobrar. A vitória dos nativistas estava praticamente assegurada, entretanto, quando faltava tão pouco para a vitória final, o Capitão-Mor Antônio Moniz Barreto morreu heroicamente em conseqüência de ferimento recebido em combate.
Dando prosseguimento à tarefa que tinham iniciado, Teixeira de Melo assediou o inimigo e, no mês seguinte, concretizou o sonho que havia tirado a vida de Moniz Barreto – logrou expulsar os invasores definitivamente de São Luís.
http://www.exercito.gov.br/VO/179/50bis.htm