Torres Novas
A
origem de Torres Novas remota aos Celtas que a
fundaram em 308 a.C. .
O castelo medieval
É certo que aqui
existia uma povoação Muçulmana à época da
Reconquista cristã da península Ibérica, cuja
posse deve ter oscilado ao sabor dos avanços e
recuos da linha fronteiriça. Embora se acredite
que uma conquista inicial remonte a 1135,
perdida em 1137, no contexto da fundação e
primeira destruição de Leiria, as fontes
documentais são acordes em que Turris foi
definitivamente conquistada pelas forças sob o
comando de D. Afonso Henriques (1112-1185) em
1148, na seqüência das conquistas de Santarém e
Lisboa, no ano anterior. Séculos mais tarde, o
feito assim seria descrito:
Ganharão-se as
Villas de Abrãtes e Torres Novas, ambas muyto
fortes em o sitio, fermeza de muros e castellos
(...).
(Frei António Brandão,
Monarquia Lusitana,
1632).
Admite-se que o
soberano ter-lhe-á promovido reforços nas
defesas, ou mesmo iniciado a reconstrução do
castelo, quando a povoação terá acrescida à sua
toponímia a designação "Novas", distinguindo-a
da homônima, no Distrito de Lisboa, que passou a
ser conhecida como Torres "Velhas" (Torres
Vedras). Desse modo, embora figure como "Torres"
em documento de 1159, no testamento do soberano,
datado de 1179, já figura como "Torres Novas".
Em 1184, as forças
do emir Almóada de Marrocos, Aben Jacub
(Iúçufe), acamparam no local até hoje conhecido
como Arraial, a Sudeste da povoação. Dali
assaltaram a vila, arrasando a sua fortificação,
dirigindo-se em seguida para Santarém. No
assédio a esta, vieram a ser derrotados, vindo o
emir a falecer em conseqüência dos ferimentos
recebidos na ocasião.
Na narrativa da
história do culto a Nossa Senhora do Ó no país,
surgido nesta povoação, é referido que a imagem
aqui adorada também o era sob a designação de
Nossa Senhora da Alcáçova, por ter sido
recuperada em uma gruta ou concavidade achada
pelos trabalhadores quando da abertura dos
alicerces
para a edificação (ou reedificação) do castelo,
por volta de 1187, sob o reinado de D. Sancho I
(1185-1211).
Ainda sob o reinado
deste soberano, possivelmente com as obras do
castelo ainda em progresso, a povoação sofreu
novo assalto das forças Almóadas, agora sob o
comando de Abu Yusuf Ya'qub al-Mansur, irmão do
falecido Aben Jacub, vindo a cair após um cerco
de dez dias (1190). Deixando guarnição em Torres
Novas, as tropas daqui se dirigem ao assédio a
Tomar. As forças de D. Sancho I devem ter
retomado Torres Novas meses mais tarde de tal
forma que, visando incrementar o seu povoamento
e defesa, o soberano passou-lhe o primeiro
foral, a 1 de Outubro desse mesmo ano,
determinando a reconstrução da fortificação.
D. Dinis
(1279-1325), com o mesmo fim, fundou entre Tomar
e a Golegã as póvoas da Atalaia, Tajeira e
Asseiceira. Também doou os domínios de Torres
Vedras e o seu castelo à Rainha Santa Isabel, ao
encontrá-la em São Bartolomeu de Trancoso. Esses
domínios viriam a passar posteriormente aos
Infantes e deles ao Infante D. Jorge,
conservando-se na Casa de Aveiro, vindo a
elevar-se à categoria de ducado de Torres Novas.
Após as lutas com
Castela, na segunda metade do século XIV, em
particular o assédio de 1372, o castelo sofreu
obras de ampliação sob o reinado de D. Fernando
(1367-1383), época em que foi ampliada a cerca
da vila. Os trabalhos foram iniciados em 2 de
Janeiro de 1374, conforme inscrição epigráfica,
e concluídos em 1376, conforme outra inscrição
epigráfica sobre o antigo Arco do Salvador:
"O mui nobre rei D.
Fernando mandou fazer esta obra a Lourenço Pais,
de Santarém, juíz por el-rei, e foi acabada na
era de 1414 (1376) anos e desta obra foi mestre
Estêvao Domingues, pedreiro, que isto fez e
lavrou."
Durante a crise de
1383-1385, aqui se recolheram as forças de João
I de Castela, em Outubro de 1384, regressando do
baldado cerco a Lisboa naquele ano. No ano
seguinte, as forças de João I de Portugal
(1385-1433), assaltaram Torres Novas, forçando a
guarnição castelhana da vila a recolher-se ao
castelo. Meses mais tarde, com os portugueses
vitoriosos na batalha de Aljubarrota, Torres
Novas tomou o partido por Portugal recebendo
como Alcaide-mor a Antão Vasques.
Do século XVIII aos
nossos dias

Castelo de Torres Novas, Portugal: aspecto das
muralhas.
Com a perda de
expressão da vila frente a outros núcleos nos
séculos seguintes, o castelo mergulhou na
obscuridade.
No século XVIII foi
severamente abalado pelo terramoto de 1755, de
tal modo que veio a ser permanentemente
abandonado. Na ocasião ruíram quatro das torres
e diversos troços da muralha medieval.
Novos danos foram
registados no início do século XIX, durante a
Guerra Peninsular, quando da ocupação da vila
pelas tropas napoleónicas. Com o crescimento da
malha urbana, a cerca medieval foi quase que
inteiramente demolida.
Considerado como
Monumento Nacional por Decreto publicado em 23
de Junho de 1910), sofreu intervenção de
consolidação e restauro na década de 1940, a
cargo da Direcção-Geral dos Edifícios e
Monumentos Nacionais (DGEMN). Posteriormente, na
década de 1970, novas obras vieram a recuperar a
Alcaidaria.
Hoje bem
conservado, encontra-se aberto à visitação
pública. Recentemente, no biênio de 2005-2006, a
Câmara Municipal promove um novo projeto de
recuperação física e paisagística do monumento e
seu entorno, visando dotar a cidade de uma área
de lazer valorizando o seu elemento histórico e
patrimonial mais importante. O projeto contempla
a construção de circuitos pedonais,
ajardinamento e reflorestamento, iluminação,
entre outras intervenções.
Características
O castelo, de
planta aproximadamente retangular, apresentava
muralhas guarnecidas primitivamente por nove
torres, delimitando a praça de armas.
A cerca da vila era
rasgada primitivamente por três portas, hoje
desaparecidas, restando apenas um troço da mesma
a Leste do castelo.
A lenda de Gil Paes

Painel de azulejo representando o cerco ao
castelo em Torres Novas
Segundo a lenda
local, à época da invasão castelhana de 1372, o
Alcaide-Mor de Torres Novas, Gil Paes teve um de
seus filhos aprisionado quando da tomada da vila
pelo inimigo. Cercado o castelo, os castelhanos
exigiram a sua entrega em troca do filho do
Alcaide. Diante da recusa do magistrado em
entregar a praça que lhe foi confiada, assistiu
à execução do filho diante das portas do
castelo.
O
concelho de Torres Novas data do princípio da
nacionalidade. Foi conquistado aos mouros por
Dom Afonso Henriques em 1148, tendo depois a sua
sede recebido foral em 1190, por
Dom Sancho I.
Este foral foi confirmado mais tarde por outros
reis portugueses. Além destes forais, o concelho
regia-se também pelos documentos denominados
"Foros de Torres Novas", reguladores do seu
direito consuetudinário, documentos estes
considerados de grande importância para o estudo
do municipalismo no nosso país. Até à conquista
definitiva pelos cristãos, tanto o castelo como
a povoação foram sucessivamente destruídos e
reconstruídos. Em Torres Novas realizaram-se
duas importantes cortes: a de 1438, reunidas
após a morte de Dom Duarte, e as de 1535, em que
se assinou o contrato de casamento da Infanta
Dona Isabel com Carlos V, Imperador do Sacro
Império Romano. Sobre a antiguidade de Torres
Novas, apenas se poderá dizer que remonta à
denominação romana, pois foram descobertas as
ruínas de uma cidade romana, a "Vila Cardilium".
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