Depois da conquista de Coimbra, em
1064, por Fernando Magno, rei de Leao e Castela, o conde
D. sisnando -um poderoso moçarabe nascido em Tentugal
que, por razoes desconhecidas, fugiu de sevilha -foi
feito primeiro governador de Coimbra e incumbido de
consolidar a fronteira entre os rios Douro e Mondego.
Construiu 0 castelo de Penela,
fortificou Montemor-o-Velho e outros castelos,
possivelmente soure, Santa Eulalia e Leiria.
O castelo, construido sobre uma
massa de rochas escarpadas, esta rodeado por uma
muralha comprida, defendida por torres de diferentes
formatos pentagonais, redondas, quadradas , que
abrange uma area de :erca de cinco mil metros quadrados.
Em alguns locais, as muralhas tinham uma altura de 19
metros e um minimo de sete. Na linha que defendia 0 rio
mondego e a vila de Coimbra, em materia de solidez, 0
castelo de Penela so sera ultrapassado poro castelo de
Montemor-o-Velho. . O terramoto de 1755 lanificou
grandemente a entrada principal e a torre de menagem,
por isso, como de costume, o que restava da
cantaria foi removido e utilizado para outros fins.
Acabou por ser talhada uma abertura na muralha, para a passagem
de veiculos. No entanto, ainda existem
duas portas, a da Vila a oeste e a Porta da T raiçao,
virada para os campos abertos a este. Dentro do terreiro temos a Igreja de sao
Miguel, do seculo XVI, e uma ou duas casas. contornando
as muralhas a partir de oeste, ve-se que a pequena vila
, limpa e arrumada, sendo a lavoura a principal ocupaçao
dos habitantes.
Penela mudou de bandeira varias
vezes e é possivel que isso tenha acontecido durante
as invasoes muçulmanas de 1116 e 1117, quando alguns
castelos da primeira linha de de!esa de Coimbra forarn
tornados e destruidos. Foi esta a sorte de Miranda do
Corvo e de Santa Eulalia; Soure teve de ser abandonado,
0 que deixou Coimbra em grande risco. Apesar de nao se
saber se Penela tambem !oi tornada nessa ocasiao, e
muito natural que 0 tenha sido, urna vez que Miranda do
Corvo tica apenas a uns quilómetros a norte, e era mau
deixala para atras numa posiçao que Ihe permitiria
supreender os invasores. Ern abono desta hipótese,
alguns historiadores sao de opiniao de que Penela foi
possivelmente retomada por D. Afonso Henriques, ern
1129.
Concelho rural situado a sul do distrito de Coimbra,
entroncado entre os contrafortes arborizados da serra da
Lousã e o maciço calcário da serra de Sicó. A sede,
Penela, apresenta como principal cartão de visita o seu
castelo e o casario alvo, coroado por telhados rubros
que se espraiam ao longo da colina que lhe dá origem ao
nome.
A sua ancestralidade é comprovada pela toponímica de
raízes célticas e diversos vestígios da antiguidade
espalhados um pouco por todo o concelho. Praça
importante na época da reconquista como guarda avançada
de Coimbra, recebe o seu primeiro foral em 1137
atribuído por D. Afonso Henriques. Posteriormente D.
Manuel vai reformar este documento através de uma nova
Carta de Foral datada de 1 de Junho de 1514. Pelo meio
ficou o tombo do infante D. Pedro.
Na crise de 1383/85 Penela assume relevância na defesa
do Mestre de Avis. D. João Afonso Telo, conde do
Alentejo e primo de D. Leonor Teles era ao tempo senhor
de Penela, tendo tomado partido de Castela. Numa saída
do castelo, um grupo de populares deu-lhe luta e um dos
do povo, Caspirro de seu nome, cortou-lhe a cabeça.
Penela passou-se para as hostes do Mestre de Avis e
mandou procuradores às cortes de Coimbra onde o Mestre
foi eleito rei de Portugal.
Em 1433, D. Duarte, respondendo a um apelo de seu irmão
D. Pedro, criou a famosa e tradicional Feira de S.
Miguel, a Feira das Nozes, conhecida e celebrizada em
todo o País, que desde 1434 se realiza todos os anos,
ininterruptamente, a 29 de Setembro.
O concelho tem hoje especiais apetências no âmbito do
Turismo, quer pela monumentalidade ou tipicidade das
suas aldeias e vilas, quer pela riqueza paisagística e
ambiental de que são exemplos as serras do Rabaçal e do
Espinhal ou os vales verdejantes do Doeça e das Ribeiras
da Louçainha, do Farelo e de Bouçã.
Durante 0 reinado de D. Joao I, no
seculo xv, 0 castelo foi novarnente reparado e dai em
diante, como tantos outros, foi caindo em ruina, a qual
o terramoto de 1755 veio ajudar; felizmente, por volta
dos anos 1950, foi restaurado pela Direcçao.Geral dos
Editicios e Monumentos Nacionais