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FERRAGUDO |
Aquando da fundação
de Ferragudo, em 1520, foi evidente que se ergueram muros em
redor do aglomerado populacional. Embora a muralha tenha
desaparecido, tudo leva a crer que, segundo alguns
historiadores, a mesma teria reforçado outra mais antiga. Isto,
porque os antigos habitantes já teriam erguido uma Torre de
Vigia entre 1481 e 1495. Uma primitiva cerca seria contemporânea
dessa atalaia da qual, segundo alguns, ainda restam vestígios
(?), apesar de deformados pela malha habitacional. Em 1621 a
muralha ainda existia, como testemunhou Massaii, a descrever «um
sítio cercado chamado Ferragudo». Antes logo da povoação, a
jusante, foi então necessário erguer um baluarte potente e bem
artilhado para impedir as ofensivas vindas do mar.
Foi assim que se ergueu o Forte ou Castelo de São João do
Arade por volta de 1643. Assentando numa elevação rochosa mesmo
a beijar as areias da praia e as ondas da maré cheia, o Castelo
revelou-se como importante marca da arquitectura militar. A
fúria do mar, contudo, por vezes arrasava tudo e nem o sólido
baluarte era suficientemente resistente para a conter.
Em 1669, após violentos temporais que lhe fizeram enormes
estragos, o Castelo precisou de grandes reparações.
Em 1754, numa inspecção concretizada pelo Governador do Reino
do Algarve, D. Rodrigo António de Noronha e Meneses, a
fortificação foi considerada em perfeito estado de conservação.
O Castelo de S. João do Arade tinha então duas baterias de
artilharia, uma baixa e uma alta. A baixa era constituída por
três peças, a alta por quatro. Todas elas estavam prontas a
disparar da barra do Rio para as embarcações hostis que se
aproximassem. Mas não durou muito esse estado de conservação, o
terramoto de 1755 abalou fortemente a estrutura dos alicerces e
das muralhas. Em 1765 estava numa lástima, com todos os
alojamentos em ruínas. Gastou-se a quantia de 80$000 réis na sua
reedificação.
A antiga salvaguarda da população ferragudense, após a
convenção de Évora Monte, entrou em decadência, tendo sido
desclassificada em 1896, como posto estratégico de defesa. No
final do Século XIX funcionou como salão literário com a
evocação de S. João Baptista. Foi vendido em hasta pública pela
quantia de 600$000 réis.
Hoje, propriedade particular, imóvel classificado pelo
Instituto Português do Património Cultural em 1975, o Forte de
S. João do Arade está ricamente tratado, tal como o seu amplo
jardim que está muralhado desde a Praia da Angrinha até à Praia
Grande. A fortificação comporta uma grande residência com
vários conjuntos de muralhas, umas baixas e outras em plano mais
elevado, de largas ameias por onde se espalham trepadeiras a
enfeitar os janelões.
As torres erguem-se ao alto e a base continua a ser beijada
pelo areal e pelas ondas no abraço entre o rio e o mar. |
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