Situado numa colina, tem uma visão dominante sobre toda a
vila e as várzeas da ribeira do Lucefecit. As
fontes tradicionais afirmam que a fortificação da vila de deveu
ao rei D. Dinis, quando da doação a seu filho herdeiro D.
Afonso, o bravo soldado; todavia a versão documental
atribui a feitura desta obra a D. João I, monarca que integrou o
burgo no padroado na Ordem de Avis.
O castelo sofreu estragos
consideráveis em 1755, que foram corrigidos, parcialmente, a
partir de 1972, pela Direcção Geral dos Monumentos Nacionais.
A fortaleza, construída num
pronunciado mamelão dominador da ribeira do Lucefece (hoje "Lucefecit")
e olhando a paisagem agreste, monótona e incolor que a envolve,
está implantada em terreno xistoso e não apresenta vestígio de
fosso ou cava. Distribuído em planta de pentágono irregular,
flanqueado por quatro torres cilíndricas, três bastiões
angulares, torre de Menagem, quadrangular, e duas portas, com os
seus muros robustos e cortinados de merlões do tipo corrente da
arquitectura militar em Portugal na Baixa Idade Média, são
construídos de grossa alvenaria - opus incertum -,
onde se aplicaram, indistintamente, o granito, o mármore e a
ardósia.
A porta do campo - da TRAIÇÃO ou
do SOL - voltada para a serra da Loura, em território espanhol,
encontra-se protegida por dois altaneiros torreões circulares e
o seu acesso foi obstruído durante a GUERRA DA RESTAURAÇÃO DE
1640. Era do tipo gótico, de lanceta, para o exterior e de arco
rebaixado no corpo interno. Duas escadas emparelhadas, alcançam
o adarve, bastante largo e protegido por um parapeito assenta
uma sapata reforçada e divide-se em três corpos com dois andares
de espaçosas salas, outrora habitáveis, terraço e cisterna no
sub-solo, onde se recolhiam as águas pluviais. Alguns balcões de
arcos rebaixados, de chanfros e seteiras crucíferas, de pedra,
iluminam torre que alcança os 15 metros de altura e teve, até o
restauro de 1972, na face axial, o campanário e o mostrador do
relógio.
Este deixou de funcionar em
1755, data em que no terramoto de 1 de Novembro, desmoronou a
casa comum e engenho, sepultando nos escombros, a cisterna e
outras dependências interiores.
A TORRE DE MENAGEM e PAÇO DOS
ALCAIDES deveu-se fundamentalmente ao patrocínio dos donatários
Silveiras e é atribuída a um dos Arrudas, paceiros de D. Manuel
I.
Do casario da praça de armas -
tanto militar como civil -, não existem quaisquer vestígios,
excluindo o janelão rasgado na face nascente do muro que, ao que
parece pelo gradeamento visível no debuxo de Duarte de Armas,
servia de cadeia comarcã.
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