Vila Nova de Cerveira, é terra das Bienais de Arte!
Vila Nova de Cerveira
voltada para o turismo com a Pousada de D. Dinis, o
ferry-boat que liga a Goyan (Espanha), o Monte de Nossa Senhora da
Encarnação e o Convento de S. Paio, dos Milagres, cenóbio de frades,
hoje,
centro de artistas e casa de eleição do escultor José Rodrigues.
Era uma vez … um cervo (veado), que os Deuses do Olimpo quiseram que
fosse
Rei. Escolheu estas terras outrora desabitadas do "bicho" homem
e aqui
prantou sua colónia de cervos de tal modo que nas redondezas toda a gente
passou a chamar a estes lugares "terras de cervaria".
Muitos anos correram. Lutas e refregas, calamidades que foram dizimando a
colónia, até que ficou só o Rei Cervo.
Diz a lenda que na Reconquista quando os Senhores de pendão e caldeira
desceram dos cerros asturianos à conquista do que seria mais tarde o
"Condado Portucalense", um jovem fidalgo desafiou o Rei Cervo
para uma
luta frente e frente.
E o velho senhor aceitou. A luta seria travada entre arvoredos e ervas
daninhas e num local onde existiam pequenas valas no lugar de Valinha
(Cornes ?).
E sem apelo nem agravo conta-nos a "estória", o Rei Cervo
venceu !
Ficou com o pendão do fidalgo e, a partir daí, seu brasão de armas foi
a
bandeira conquistada.
Mas os Deuses enganaram o velho Rei. Ele não seria imortal …
Cansado da vida, doente, na solidão das fragas, o velho Senhor morreu. E
com ele desapareceu para sempre a "Terra da Cervaria" (…).
Ainda hoje e para que a "estória" se não perdesse, as
"armas" de
Vila Nova
de Cerveira têm um cervo em campo verde, passante de ouro, armado de
prata, contendo entre as hastes um escudete de azul carregado de cinco
besantes de prata. E, também, no cimo dos montes deste Município mandou
construir "in memoriam" o Rei Cervo, que numa notável escultura
em ferro,
de José Rodrigues, atesta a longevidade das "Terras de Cervaria".
Deixamos já o velho convento franciscano de S. Paio, fundado em 1392 por
Frei Gonçalo Marinho.
E por uma estrada florestal vamos até Covas, parando junto à Igreja
Matriz.
Próximo, temos a Casa de Carboal do último quartel do século XVII,
propriedade vinculada e instituída em morgado no ano de 1691, por Manuel
Pereira Bacelar, um dos Governadores da Praça de Vila Nova de Cerveira.
Já a descer e com rumo à vila, dirigimo-nos, primeiro a Sopo de Cima,
depois a Sopo de Baixo. Próximo da igreja, o Cruzeiro da Senhora da
Piedade, trabalho do canteiro de Sopo, Manuel Igreja (séc. XVIII). E
passamos por France onde Pedro Homem de Mello encontrou a dança mais
difícil de todas as danças de Portugal:
a "francesa", uma "gota" que o Nelson de Covas lhe
ensinou e que regista
dizendo que bailavam-na dois grandes dançadores: o Leandro e o Patego e
duas dançadeiras, uma delas a Artemisa … O tocador dava pelo nome de
Benigno.
A "gota", que apelidou de Gondarém, três figuras base a tornam
única
dentro das "gotas" do Alto Minho: o "meio passo", o
"revirado" e "cada
qual leva a sua". Dança coreográfica por excelência, com um ritmo
que é o
próprio balanço dos corpos, com um "estribilho" e
"marcas" de
extraordinária beleza, na "francesa" os braços, é o ar que os
sustem: os
pés, esses passam leves sobre o solo, que nem lhes foge, nem os retém.
Para trás, ficam-nos os Montes de Goios, o Calvário, Gondarém.
Depois Loivo, outrora convento de monjas beneditinas - Santa Marinha - já
com uma marcada vocação turística, mesmo às portas de Vila Nova de
Cerveira.
Ao fundo, na Ribeira, as ilhas dos Amores e da Boega, a Murraceira.
Seguimos agora pelo Solar dos Castros até à Pousada de D. Dinis, à
praça
central. Vila Nova de Cerveira - airosa, fresca e renovada. Entramos na
secular Matriz, e curvamo-nos perante um colossal São Cristóvão !
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